Respeite o idoso. Lembre que um dia você ficará idoso e vai querer ser respeitado.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Aula de Papel: a caderneta dos quadrinhos diminutos.

Vai-se muito o tempo em que ensinar era uma tarefa em que o professor se dirigia aos alunos e vice-versa, a troca de conhecimento, para versarem sobre o conhecimento. Matizes que variavam conforme a condição de conhecimento do grupo. Ao solicitar pesquisa, apresentação do pesquisado e comentários em geral; está o professor seduzindo o aluno para ser, também, protagonista do ensino-aprendizagem. Anualmente, faço a “Gincana Virtual de Inglês ” com o intuito de tornar os alunos atores principais no processo formativo. É comprometer o aluno, de um jeito lúdico, com o resultado do processo do aprender. Na gincana enfatizo tarefas que vão da sexualidade da adolescência, meio ambiente, segurança no trânsito, vocabulários da língua inglesa, estudo do verbo e da palavra, passando pelo coral de inglês e coreografia de hip hop (uma parceria com o projeto Mais Educação, cujo momitor da oficina é Alan Marqueson); sem esquecer da produção de vídeos, slides pelos próprios alunos para demonstrar para outros alunos a capacidade criativa deles.


O Halloween temático que é um projeto que tem por fim aliar o estudo da língua inglesa, com o lúdico e a cultura brasileira. A intenção é evitar a hierarquização das culturas, dar um freio na visão hegemônica e subserviente, ao se introduzir uma atividade na nossa tradição. Não é sem motivo, que a cada ano apresento um tema a exemplo: Halloween na Terra de Jorge Amado com Sabor de Acarajé, ou o Halloween nos contos de Machado de Assis; ou ainda, Halloween no Sítio do Pica Pau Amarelo e, agora em 2011, Halloween na Obra capitães da Areia, de Jorge Amado. O aluno vira um produtor, um realizador, pois ele vai buscar as informações necessárias a realização fiel ao tema. O aluno vai mediar as duas culturas, vai ponderar em soluções para se chegar ao resultado final.



Imaginar que quando o aluno está sentado a uma cadeira observando o professor ensinando, está unicamente acontecendo o aprendizado é ser muito ingênuo. O professor nunca deve ou deveria sair da sua posição de protagonista do conhecimento, não por vaidade; porém pela necessidade de balizar para o aluno o conteúdo, que é criticado como se fosse a encarnação do príncipe das trevas. O professor precisa e deve o “balance” para que o aluno avance. Um exemplo é você imaginar que pegar um manual, que ensina a dirigir vai lhe habilitar como motorista. É preciso de alguém lhe ensine atitudes, ou lhe ajude a desenvolver habilidades para tornar-se um condutor.




O professor precisa e deve ter seu destinado a pesquisa e a docência. A sala de aula deve ser o momento para ensinar como é. O docente necessita ser o mestre para seu aprendiz, pois é preciso ir ao quadro e demonstrar como se é que se faz. Esclarecer as dúvidas, e isto se obtém na sala de aula presencial ou virtual. O que se quer dizer é que o educador seja no presencial ou virtual vai explanar este ou aquele teor.


O docente não pode ser um educador de papel, um mero “preenchedor” de formulários, de contador de ausentes e presentes, um colocador de pontos num espaço tão pequeno que só quem bolou deveria preencher. Tirar o educador do ato de criação para “preenchedor “. Ensinar deixa de ser importante, o que importa, o que vale é o que diz a portaria: tem que ser assim ou... as ameaças punitivas de ocasião. Economizar na contração funcionários de secretaria para empurra e ocupar o tempo do professor para fazer atividades que são historicamente função de secretaria é má vontade com o processo da aprendizagem.


Os horários de ACs que seriam para os professores se ocuparem com o metodológico, o pedagógico, a elaboração de projetos são, agora, destinados a preencher papeis e mais papeis. É suprir a deficiência de gestão de quem deveria fazer, aquele preenchimento de papeis. Como pode o professor criar, cunhar, preparar aulas como novidades, compartilhadas; se ele está a preencher papeis? Paro e olho para min. Vejo que todo material que produzi para minhas aulas foi antes dos tais papeis, da tal caderneta com quadrinhos diminutos, que obrigam grande parte dos professores a usarem lupas, para preencher as notas e os cômputos de faltas. Para quem não limita na sala de aula pode não entender isso, visto que não é o seu ambiente de trabalho. Já que não compreende a dinâmica de uma sala com mais de 38 alunos, que somado as outras turmas vão dar 546, quinhentos e quarenta e seis, quadrinhos; multiplique por quadrinhos de 3, três, notas, adicione os 2, dois, quadrinhos das médias e os quadrinhos das faltas 2.730, dois mil setecentos e trinta quadrinhos diminuto e que requer lupa e uma régua para não cometer erros, ou memorizar o número do aluno na chamada para no final do quadrinho faltas escrever. E se tiver aluno para recuperação paralela, sempre há, a contagem aumenta. Perceba que esta conta foi feita unicamente para uma unidade. Pegue e multiplique por 4 unidades e verifique dão 10.920 (dez mil, novecentos e vinte) quadrinhos diminutos. É inacreditável, mas é verdade. Lembre que sou professor de inglês, não domino muito a matemática. Se um professor de matemática investigar vai descobrir mais absurdos nos quadrinhos diminutos que necessita de lupa para preencher.


Será que eu poderia fazer as atividades que desenvolvo? A resposta é categórica: não. Digo porque os vídeos desenvolvidos, as fotos estão na lista de espera para postar no blog para que os alunos possam ver o fruto do protagonismo deles. Quem não ensina, desconhece a dinâmica de lidar com pessoas; pois professores, alunos, funcionários, pais de alunos são pessoas, e não papeis. O tratamento dado a papelada difere de pessoas. Submeter e reunir professores numa sala para cumprir tarefas que não são tarefas docentes, pelo menos foi assim que grande parte estudou e aprendeu na universidade; assim, como no dia-a-dia da docência foi se aprimorando. Sem deixar de mencionar que os professores, na sua maioria, com idade avançada, com problemas de visa, com dupla ou tripla jornada de trabalho não podem ser jugulados a um martírio estafante, causando-lhe improdutividade; pois está cansado de “papelizar as suas aulas”.


Destarte, é importante ensinar aos jovens aquilo que é necessário para lhes inserirem no mercado de trabalho: médio, técnico ou universitário e para que isso aconteça é deixar o professor dar aulas, criar situações problemas para o aprendiz desenvolver suas habilidades e competências. Deixem o homem e/ou a mulher dar(em) aulas e a papelada, necessária, seja feita por gente jovem que precisa trabalhar. Investir em gente, ter o “proer social” de modo a reduzir os índices de violência que assola o pais. E fica a pergunta: quem é o culpado da violência? Por que impedir o professor de criar, desenvolver aulas prazerosas e motivadoras para lhe entupir de quadrinhos diminutos, computos de faltase burocratizar as funções docentes? O que há por meio de tal ato? Quem souber responda.

PROJETOS / TRABALHOS/ ATIVIDADES / TAREFAS
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